Nick Szabo, um dos principais nomes do movimento cypherpunk e considerado um dos “pais” do Bitcoin, voltou a se manifestar nas redes sociais depois de anos em silêncio. Ele rapidamente despertou o interesse da comunidade ao criticar as chamadas “shitcoins” e se posicionar sobre a polêmica entre o Bitcoin Core e o Knots.
Szabo, que é uma figura influente no universo das criptomoedas, reapareceu em um momento crucial, quando o debate sobre a atualização do Bitcoin Core para a versão 30 estava quente. Essa atualização tem gerado debates fervorosos entre programadores e os operadores de nós da rede.
O que Szabo trouxe foi um olhar crítico sobre riscos anteriormente ignorados. Ele se focou especialmente no uso ampliado do OP_RETURN, que permitiria armazenar muito mais dados na blockchain. Para ele, essa mudança poderia criar não apenas desafios técnicos, mas também legais.
Ele apontou que, enquanto os mineradores têm motivos para filtrar transações com taxas, os operadores de nós correm o risco de serem responsabilizados pelo armazenamento de dados ilícitos. Szabo observou que fragmentar dados pode reduzir riscos, mas informações claras, legíveis e em formato padrão podem ser usadas contra a rede em um tribunal.
A disputa entre Core e Knots, que já vinha crescendo, ficou ainda mais acirrada com essa atualização. Os desenvolvedores do Core defendem que qualquer transação válida e paga deve ser aceita, confiando na dinâmica de mercado para controlar abusos. Já o Knots, sob a liderança de Luke Dashjr, adota uma postura mais rigorosa, rejeitando transações que consideram “spam” ou sem relevância.
Essa diferença de abordagem gerou uma migração significativa de operadores de nós para o Knots, o que levanta preocupações sobre a fragmentação da rede. Para Szabo, essa não é apenas uma discussão técnica, mas uma batalha ideológica sobre que tipo de rede o Bitcoin realmente deve ser. De um lado, a visão de uma rede aberta, inclusiva para vários usos; do outro, a defesa de uma rede que se mantenha estritamente focada em questões monetárias.
Durante suas declarações, Szabo enfatizou o risco de expandir os limites do protocolo sem controle, especialmente em uma época em que a comunidade já enfrenta muitos projetos sem um propósito claro. Não é surpresa, então, que ele tenha voltado a criticar as “shitcoins”, reiterando sua desconfiança em relação a tokens especulativos e redes improvisadas. Para ele, isso só gera barulho e desvia a atenção do que realmente importa: proteger a integridade e a resiliência do Bitcoin.
A volta de Szabo à cena cripto demonstra que, mesmo após um longo período em silêncio, sua influência continua sendo significativa. Ao levantar questões sobre os riscos da atualização do Core e a proliferação de tokens sem fundamento, ele resgata um tom de cautela que faz falta na comunidade.
O desfecho da disputa entre Core e Knots, e o futuro da versão 30 do software, ainda está em aberto. Mas o que fica claro é que as decisões tomadas nesse momento terão um impacto duradouro na trajetória do Bitcoin.
